Senadores de vários partidos se manifestam em apoio a Jaques Wagner
“Não podemos admitir a polícia política dentro do Estado brasileiro”, afirmou o senador baiano
Dez senadores, de sete diferentes partidos políticos, se pronunciaram no início da noite de hoje (2), no plenário do Senado Federal, para se solidarizarem com o senador Jaques Wagner (PT-BA). As manifestações ocorreram durante pronunciamento do senador Otto Alencar (PSD-BA), que abordou as mensagens trocadas entre procuradores da República e divulgadas pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, no último sábado (29), na qual revela um plano de forçar uma operação contra Wagner em 2018, por uma “questão simbólica”. Os parlamentares destacaram o papel de conciliação, a capacidade de diálogo e o equilíbrio do ex-governador da Bahia.
Ao agradecer solidariedade recebida, Jaques Wagner admitiu que seu primeiro sentimento foi de “nojo por saber que um funcionário público abandona tudo o que está escrito no Texto Constitucional” e tenta criar uma operação se utilizando daqueles termos. “Em nenhum momento, me neguei a dar todos os esclarecimentos e não acho que nenhum de nós está acima da lei. Agora, o membro do Ministério Público muito menos está acima da lei, porque ele deveria ser o guardião em nome da sociedade”, afirmou.
As conversas divulgadas, segundo Wagner, depõem cotra a operação Lava Jato. “A vaidade e a popularidade parece que subiram à cabeça e, como a gente diz na nossa Bahia, meteram o pé na jaca, passaram do ponto, exageraram, começaram a achar que estão acima da lei”, disse, ao agradecer a solidariedade e expressar sua tranquilidade. concluiu.
REAÇÕES
Segundo Otto Alencar, o caso se enquadra na psiquiatria, de quem fica esperando a oportunidade para acusar alguém. “Caso muito parecido com o que aconteceu, sem nenhuma necessidade, sem nenhuma prova material contra o ex-governador Jaques Wagner”, exemplificou. Otto lembrou que na data que as conversas teriam ocorrido, Wagner era o coordenador da campanha presidencial de Fernando Haddad. “Isso é uma coisa contra a lei, acima do limite da lei. A Constituição existe exatamente para promover a justiça e não permitir o arbítrio”, acrescentou.
Representante de Santa Catarina, o senador Esperidião Amin (PP), destacou que, acima de questões políticas, reconhece que o senador Jaques Wagner “tem exercitado moderação, sensatez e busca de solução.” Já Kátia Abreu (PDT-TO), ressaltou que Wagner “foi um dos melhores governadores do Brasil” e “é um homem inteligente e sem radicalismos.” “Conversa com todos os senadores de igual pra igual e não merece o que passou por essas pessoas e por aquela justiça que a gente imaginou que tivesse sendo feita”, afirmou.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), fez questão de discorrer sobre a trajetória política de Jaques Wagner e dar sua opinião sobre o caso. “Se esses vazamentos forem confirmados como verdadeiros, é algo que nos espanta da forma como se procedeu no afã de querer incriminar e enlamear uma carreira política, uma biografia política que tem serviços prestados à Bahia, ao Nordeste e ao Brasil”, enfatizou.
Os tucanos Tasso Jeiressati (PSDB-CE) e Antônio Anastasia (PSDB-MG) também se associaram às falas de reconhecimento à trajetória e ao trabalho de Wagner. Anastasia se disse “espantado” com os diálogos revelados. Jereissati se disse “perplexo” ao tomar conhecimento. “Movimentos simbólicos, sem nenhum indício, somente para prejudicar um líder que, apesar de ser de outro partido que não o meu e de historicamente estarmos de lados opostos, é credor de todo o nosso respeito e admiração”, resumiu Tasso Jereissati.
O líder da Rede Sustentabilidade, Randolfe Rodrigues (AP), agradeceu Otto Alencar por abordar o tema e possibilitar que o plenário se manifeste com um parlamentar que é “ponto de encontro” entre todos. “Eu não tenho dúvida da incolumidade, não utilizaria este microfone aqui à toa, não faria este testemunho à toa, não faria este testemunho se não tivesse certeza sobre a conduta e sobre o comportamento do senador Jaques Wagner”, disse.
Ângelo Coronel (PSD-BA), ao se solidarizar com o colega Jaques Wagner, a quem classificou de “grande liderança”, disse que ficou “perplexo” quando leu as mensagens divulgadas. Já Nelsinho Trad (PSD-MS), afirmou que Wagner é “extremamente equilibrado e que muitas das vezes, nas suas intervenções e nas suas ações, consegue achar o ponto de sintonia, o ponto de equilíbrio”, falou.
O líder do PT, Humberto Costa (PE), classificou o episódio como um ataque ao Congresso Nacional. “O Jaques Wagner não era ainda senador empossado e nem diplomado, mas já havia sido eleito. Então creio que deva se aplicar a ele ao menos os cuidados devidos pra alguém que representa a população, que foi beneficiário do voto popular”, destacou.