Senador Jaques Wagner

 
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20 de março de 2019 as 3:48 pm

Senador homenageia Makota Valdina


O senador Jaques Wagner (PT-BA) fez hoje (20), da tribuna, um pronunciamento em homenagem à líder e porta voz das religiões de matriz africana, Makota Valdina, falecida ontem, dia 19 de março.

“Makota Valdina é símbolo das nossas lutas contra a intolerância racial e religiosa”, disse o senador.

“A Bahia, de tanta cultura e tradições afrodescendentes, ficou mais triste e mais pobre, com a morte dessa mulher extraordinária. E as mulheres extraordinárias são imprescindíveis. Faleceu uma educadora. E as educadoras são a força da cidadania”, destacou o senador.

Wagner disse que acompanhou com preocupação o internamento de Makota e, depois com muita tristeza, foi ao seu sepultamento, ontem, em Salvador, no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Campinas de Brotas.

O senador enalteceu a biografia da líder religiosa Valdina de Oliveira Pinto, a Makota Valdina, que nasceu em Salvador. Foi professora, escritora, assistente do Terreiro Nzo Onimboyá, no Engenho Velho da Federação, onde nasceu em 1943 e viveu até seu último dia.

“Trata-se de um exemplo vivo de mulher negra e lutadora,  incansável nas convicções mais nobres da verdadeira alma baiana , dona de uma autoestima e  vistosa negritude que irradiava a todo ambiente em que se fazia presente, a revelar a história da nossa formação cultural , étnica e econômica, com a coragem e compromisso  de  uma Maria Felipa e nossas bravas mulheres protagonistas da verdadeira independência do nosso País, que se comemora na Bahia em 2 de julho de 1823 .

Makota foi iniciada no candomblé em 1975, e começou a adquirir uma nova visão de mundo, professando suas convicções antirracistas em defesa do povo negro.
“Ensinava altivez, dignidade , procurando transmitir coragem às suas irmãs negras, aos irmãos negros, não só aos do povo de santo”, frisou o senador .

Entre 1977 e 1978, a líder integrou a primeira turma do curso de iniciação à língua Kikongo, promovido pelo Centro de Estudos Afro-Orientais, aprofundando sua imersão na cultura de origem Banto no Brasil, sobretudo nos aspectos religiosos. A partir daí, valoriza de modo mais acentuado a nação candomblé angola, congo-angola, de matriz linguística bantu.

Makota Valdina foi uma figura incansável. Destacou-se como diretora da Federação Baiana do Culto Afro-brasileiro chegando à presidência do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia. E com a sua voz potente e doce, participou ativamente das lutas em defesa do Parque São Bartolomeu, antigo santuário natural do povo de santo de Salvador.

Tive a felicidade de conhece-la de perto ainda Governador da Bahia.
Participei do lançamento do seu livro ” Meu Caminhar, Meu Viver “, em 2013, no Forte da Capoeira, centro histórico de Salvador, uma das atividades do Novembro Negro daquele ano.
Convidado para prefaciar o seu livro, assinalava naquela oportunidade:

“Makota, como uma líder nata que é,  detém um perfil de uma mulher ativista por natureza, questionadora política , militante e que luta por uma causa coletiva , sem limitar ou cercear sua fala por quaisquer que possam a vir a ser os motivos”, acentuou o senador.
Wagner lembrou que desde sua primeira campanha para o governo do Estado em 2006 e, no exercício do primeiro e segundo mandatos no Governo da Bahia , procurei estar bem próximo de Makota, porque entendia sua presença muito essencial na construção e desenvolvimento qualitativo das nossas políticas públicas”, relembrou, uma vez que “sempre a convidava a participar, aconselhar, criticar , debater , sugerir diretrizes ou mudanças de rumo nos projetos e programas”.

“ Makota nunca se omitiu ou decepcionou. Com a combatividade que lhe era característica, atuava com transparência, objetividade, o que a transformava num dos pilares dos segmentos representativos do controle social do nosso Estado da Bahia.
O senador enalteceu “a belíssima luta travada por Makota em busca de justiça social e respeito à liberdade religiosa, numa postura íntegra, séria e admirada por todos que com ela tiveram o privilégio de conviver “, exaltou.

Wagner sugeriu aos que desejarem conhecer um pouco da história de Makota Valdina assistirem ao documentário ” Makota Valdina- Um Jeito Negro de Ser e Viver , dirigido por Joyce Rodrigues , consagrado com o Prêmio Palmares de Comunicação , da Fundação Cultural Palmares.
Ao encerrar seu registro de pesar, ainda sob a emoção da solenidade do sepultamento dessa figura singular da Bahia ontem, deixo consignado duas frases de autoria da querida amiga Makota, como lembrança viva da sua presença, sempre marcante, entre nós:

“Eu não quero que me tolerem. Eu quero que me respeitem o direito de ter minha crença”.

” Não sou descendente de escravos. Eu descendo de seres humanos que foram escravizados”.

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