“Mãe Stella representa o que há de mais nobre no nosso povo”, diz Wagner em homenagem no Congresso

Nesta quinta-feira (12), o Congresso Nacional realizou uma sessão solene em homenagem ao centenário de nascimento de Mãe Stella de Oxóssi, referência máxima das religiões de matriz africana no Brasil e símbolo de sabedoria, resistência e promoção da cultura afro-brasileira. A cerimônia foi presidida pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), um dos autores do requerimento que propôs a homenagem, ao lado dos deputados Bacelar (PV-BA) e Lídice da Mata (PSB-BA).
Em seu discurso, Jaques Wagner ressaltou a relevância de Mãe Stella não apenas como liderança religiosa, mas como educadora, intelectual e ativista que marcou gerações. “Hoje nos reunimos aqui para celebrar a memória de uma grande mulher, uma sacerdotisa emérita e uma cidadã exemplar: Maria Stella de Azevedo Santos, a inesquecível Mãe Stella de Oxóssi”, afirmou.
O senador destacou que o legado da homenageada transcende os limites do terreiro e atinge toda a sociedade brasileira. “Mãe Stella representa o que há de mais nobre no nosso povo. Lutou contra o racismo, a intolerância religiosa e a barbárie. Foi firme na defesa do legado afro-brasileiro, da dignidade das mulheres, das crianças e dos idosos.”
Mãe Stella, nascida em 2 de maio de 1925 em Salvador, foi a quinta Ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, um dos mais tradicionais terreiros de candomblé do país. Iniciada ainda na adolescência, com o nome ritual de Odé Caiodê, ela rapidamente se destacou pela inteligência, liderança e profunda dedicação espiritual. Sua trajetória também inclui a atuação como enfermeira, escritora e pensadora do candomblé. Foi a primeira Mãe de Santo a integrar a Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira de número 33, que tem como patrono Castro Alves.
“Mãe Stella tornou-se uma estrela de primeira grandeza em uma constelação onde brilham figuras como Mãe Menininha do Gantois, Olga de Alaketo e Gaiaku Luísa”, disse Jaques Wagner. “Ela foi responsável por consolidar o Axé Opô Afonjá como um centro de cultura e saber, aberto ao diálogo, à reflexão e ao acolhimento.”
Para além da celebração da memória, o senador ressaltou que homenagear Mãe Stella é também um chamado à ação: “Não se trata apenas de um ato cerimonial. Implica comprometer-se com as causas que ela defendeu: o combate ao racismo e à intolerância, o fomento da educação e da cultura, a defesa dos direitos das mulheres, dos idosos e das crianças.”

Foto: Agência Senado
Entre outras autoridades, estiveram presentes a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social da Bahia, Fábya Reis, representando o governador do Estado, Jerônimo Rodrigues. O Hino Nacional foi executado de forma singela por um dueto de violão e flauta, com Bruna Sebá e Anne Silva. Também comovente foi a apresentação do Hino do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá pela delegação daquela Casa, trazendo à solenidade a força espiritual e ancestral do Terreiro que foi liderado por Mãe Stella, e hoje segue sob a responsabilidade de Mãe Ana de Xangô.