Desenvolvimento econômico e ambiental
O Brasil vive um momento de crise e de incertezas. Segundo o IBGE, o desemprego atinge 12,6 milhões de pessoas, 11,8% da população economicamente ativa. Se considerarmos os desalentados – aquelas pessoas que desistiram de procurar emprego – são mais 4,9 milhões de brasileiros e brasileiras. As previsões de crescimento do PIB não são animadoras, com a perspectiva de um aumento tímido de menos de 1%. E a desigualdade de renda atingiu o maior patamar já registrado, conforme recente divulgação da Fundação Getúlio Vargas. O governo federal tem focado em uma política econômica que não tem sido capaz de apontar soluções para essa crise do emprego e da renda.
Paralelo a isso, vivemos um momento de grande retrocesso na questão ambiental. O governo é negacionista ao não reconhecer o aquecimento global, desprezar a contribuição de outros países para conter o desmatamento e as queimadas e incentivar práticas predatórias que colocam o nosso ecossistema e as populações tradicionais em risco. E como vive do conflito, tenta construir uma falsa dicotomia entre desenvolvimento e preservação do meio ambiente.
Sou entusiasta de uma nova matriz produtiva e de consumo sustentável como alavanca para mudar estruturalmente o estilo de desenvolvimento, incentivando variadas cadeias produtivas, diminuindo os conflitos e impactos ambientais. Ao mesmo tempo, capaz de recuperar a capacidade produtiva do capital natural do nosso país. Essa proposta deve ser construída em conjunto com a sociedade, capaz de conciliar e propor reformas estruturais e de desenvolvimento econômico e social, que representem um novo momento de crescimento e geração de emprego e renda, incluindo os investimentos resilientes e de baixo carbono.
Acredito que os tempos atuais nos desafiam a construir este modelo de desenvolvimento a partir de um tripé de sustentabilidade: ambiental, social e econômica. Somente a partir de um Novo Arranjo Verde para o Desenvolvimento Sustentável – mundialmente conhecido como Grande Impulso Ambiental (Big Push) – conseguiremos alavancar investimentos nacionais e estrangeiros para produzir um ciclo virtuoso de crescimento econômico, gerador de emprego e renda, redutor de desigualdades e promotor de sustentabilidade, preservando uma das nossas maiores riquezas: o meio ambiente.
Publicado no jornal O Povo, do Ceará, em 16/10/2019.