De cabeça erguida
Foto: Ricardo Stuckert/PR
O contraste entre dois episódios, que serão para sempre lembrados na história do País, marcou este janeiro de 2023. Após presenciarmos, no primeiro domingo do ano, a belíssima cerimônia que empossou o presidente Lula, uma semana depois vimos atos criminosos de invasão e destruição dos prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. Apesar do enorme prejuízo causado, tanto no plano simbólico quanto no material, felizmente as instituições brasileiras demonstraram resiliência e solidez, ao resistir a mais uma tentativa da extrema-direita de desestabilizá-las e de impor um golpe de Estado.
Diante dos ataques que marcaram aquele 8 de janeiro, Lula teve nova oportunidade de provar que é um verdadeiro estadista, liderando uma reação firme. Ao reunir-se com governadores, ministros do STF e os presidentes do Senado e da Câmara, ele deixou claro que o sentimento de defesa da democracia presidirá a caminhada do Brasil nos próximos anos. O recado ficou claro: ninguém mais ficará à vontade para abraçar o vandalismo e a barbárie. Prova disso é que, de lá para cá, as autoridades trabalham arduamente para identificar, prender e punir todos aqueles que estiveram envolvidos neste capítulo criminoso da nossa história.
Para além deste necessário enfrentamento, podemos afirmar que o saldo dos primeiros 30 dias de governo é extremamente positivo. Diversas ações já apontam para isso. A recriação do Ministério da Cultura, com a retomada de investimentos para o setor, a reativação do Fundo Amazônia, com a sinalização de novos aportes financeiros de países europeus para preservar nossa floresta, e o aumento do piso salarial dos professores e professoras, são alguns dos exemplos de um governo comprometido em devolver esperança e prosperidade ao povo.
Aos que ainda insistem em narrativas para criar instabilidade, gerar desconfiança ou colocar em dúvida a capacidade do novo governo de recolocar o país nos trilhos, vale resgatar algo muito importante: os dois primeiros governos de Lula foram os melhores governos que o Brasil teve em sua história recente.
Naqueles oito anos que vivemos sob a liderança do presidente Lula, a taxa média de expansão do PIB foi o dobro da média histórica das duas décadas anteriores. Além disso, tivemos uma inflação média dentro dos limites estabelecidos pelo sistema de metas e bastante inferior à do período do governo anterior, superávits fiscais sistemáticos, eliminação da dívida externa e forte redução da dívida interna.
Foi uma época marcada pela forte distribuição de renda, confirmada pelos melhores indicadores dos 60 anos de história do IBGE, com destaque para a retirada de quase 40 milhões de pessoas da pobreza e com a saída do Brasil do Mapa da Fome. Por esse motivo, o presidente Lula recebeu o prêmio “Campeão do Mundo na Batalha Contra a Fome”, concedido pela ONU, em reconhecimento ao trabalho realizado por seu governo
Com Lula, lideramos também a agenda ambiental, conquistada pela vanguarda do Brasil na geração de energias renováveis, por termos a maior biodiversidade do planeta e pelo combate efetivo ao desmatamento, especialmente na região Amazônica. Assim consolidamos uma posição de protagonismo internacional, revelado pela presença notória e ativa do Brasil em todos os foros mundiais e mesas de negociações importantes.
Em paralelo a todos esses avanços, testemunhamos um processo constante de fortalecimento da democracia, com integral respeito ao Estado democrático de direito, plena liberdade de imprensa, separação e harmonia entre os poderes, crescente transparência e controle social das instituições republicanas, além da forte participação social na construção das principais políticas públicas.
São credenciais inquestionáveis, que fizeram com que Lula, ao fim do seu 2º mandato presidencial, se despedisse do poder com uma aprovação popular recorde, de 87%, uma façanha política para qualquer governante do mundo. Infelizmente, esses grandes avanços foram quase todos revertidos ou destruídos pela gestão anterior.
Portanto, a nova eleição de Lula, construída a partir de uma grande frente política em prol da democracia, recriou as condições para que voltemos a trilhar o caminho da prosperidade. Pois agora, temos novamente um governo que atuará a partir de um pacto pelo desenvolvimento e pela vida das pessoas e do planeta, conciliando crescimento econômico, sustentabilidade ambiental e justiça social.
Enfim, a verdade é que após um longo período em que o Brasil se transformou numa espécie de pária mundial, o nosso país agora volta a assumir o lugar que lhe cabe. O de uma nação respeitada e admirada internacionalmente, liderada por um presidente comprometido em governar para todos os brasileiros e brasileiras.
Jaques Wagner
Senador da República (PT-BA),
Artigo publicado na revista Carta Capital, em 03/02/23