A juventude da esperança
Foto: Agência Senado
Na semana do aniversário de 58 anos do golpe de 1964, marcado pelo rompimento democrático e por graves violações de direitos humanos, temos a oportunidade de refletir, mais uma vez, sobre este período de cerceamento das liberdades e perseguições. Mas que encontrou na juventude a força da resistência.
É curioso e irônico que, depois de tanto tempo, ainda tenhamos que conviver com a censura, como vimos na decisão de um ministro do TSE que proibiu manifestações políticas no festival Lollapalooza. Já revogada, a medida tentava calar a arte e o público de um evento majoritariamente frequentado por jovens.
Com efeito contrário, as ameaças potencializaram os posicionamentos contra o atual governo e em defesa da liberdade de expressão. Como entusiasta da renovação na política, defendo que a força e o espírito questionador da juventude são indispensáveis para a prosperidade e o crescimento do Brasil.
Recentes levantamentos mostram que o número de eleitores com 16 e 17 anos vem diminuindo. O menor nível já registrado ocorreu em 2020, quando menos de um milhão de jovens tinha o título em mãos no dia das eleições. Quatro anos antes, esse número era de 2,3 milhões. Por isso, é tão fundamental incentivarmos a juventude a participar do processo que definirá os rumos dos próximos quatro anos.
É fundamental o esforço que vem sendo feito, não apenas pelo TSE, mas também por artistas e personalidades, inclusive de outros países, para sensibilizar o eleitorado jovem a solicitar ou regularizar seu título de eleitor até o dia 4 de maio para que possam votar nas eleições de outubro.
A pesquisa Datafolha de março revela que Lula lidera entre os eleitores de 16 e 24 anos, com 51% das intenções de voto. Um sinal importante do quanto a participação da juventude fortalece essa onda de esperança que a candidatura do ex-presidente representa neste momento da nossa história.
Meu desejo é que os e as jovens entendam que a melhor forma de melhorar a política é fazendo parte dela. E que não abram mão do direito ao voto. Parafraseando os versos de “Morte e Vida Severina”, do grande poeta João Cabral de Melo Neto, desejo que esse “Sangue Novo” da juventude seja capaz de corromper a “anemia política” que tomou conta do país e que faça a diferença nas urnas para que o Brasil reencontre dias melhores a partir de 2023.
Senador Jaques Wagner (PT-BA)
Artigo publicado no jornal O Povo, em 31/03/22