“Virou tábula rasa”, disse Wagner sobre a prisão preventiva do ex-presidente Michel Temer
O senador Jaques Wagner (PT-BA) comentou hoje a prisão do ex-presidente Michel Temer, em São Paulo pela força-tarefa da Lava Jato por determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Para o senador, Temer deveria ter sido chamado previamente para depor. “Não sou eu que vou julgar os motivos. O direito cabe ao ex-presidente de fazer o recurso. Agora, virou tábula rasa. Faz uma temporada, para obter um depoimento um ex-presidente da República. Ele deveria ter sido chamado primeiro para depor. Ele já se manifestou no processo? “, disse.
Para o senador, os fatos vão se precipitando pela notícia. “Sei que a imprensa tem que dar a notícia, mas imagina lá fora, não tem três anos do impeachment da Dilma. Você imagina para quem é do mundo do negócio, que país é esse? Se tirou uma presidenta sem provas objetivas, se prendeu um presidente sem provas objetivas. E agora, um ex-presidente preso.
Para Wagner, as prisões preventivas estão se eternizando. “Nas outras democracias do mundo pelo que me consta se faz todo um processo e o condenado vai preso. Aqui as pessoas vão sendo presas e as preventivas se eternizam”, observou.
Questionado sobre se a prisão de Temer é mais um elemento de tensão com o judiciário como a criação de uma CPI da Toga, Jaques Wagner disse que a tentativa da CPI partiu de alguns senadores. “Eu, por exemplo, não assinei e não assinarei. Eu acho que a relação com os poderes pode ser feita de outra forma. A CPI acaba sempre sendo palco. Todo mundo na época da fake news e da internet quer brilhar, quer aparecer. Não acho que seja o melhor método da gente reencontrar o caminho do desenvolvimento. Algumas coisas têm que sentar na mesa e tentar achar solução. Tem exagero no noticiário, tem”, frisou.
Para Wagner, a prisão de Temer poderá reforçar a necessidade de votação da lei de abuso de autoridade. “Vai acelerar. Mas o que eu quero saber é se é esse o caminho? O texto constitucional diz claramente harmonia e independência dos poderes. E por esse caminho nós não vai, acentuou com erro gramatical de propósito.
“Tenho sentido e respondi um zap de meus eleitores perguntando porque nenhum dos 3 senadores baianos não assinou a CPI do judiciário? Vocês não estão dando atenção aos seus eleitores?”, disse Wagner, ao explicar “primeiro que na minha campanha ninguém me ouviu falar sobre esse tema. Não discuti nem me comprometi. Segundo, acho que neste momento estamos precisando de ponderação. Por aí nós não vamos a lugar nenhum”.
Wagner não comentou a prisão do ex-ministro das Minas e Energia, Moreira Franco, um dos principais auxiliares do ex-presidente na mesma operação desta quinta.